Sentado confortavelmente numa poltrona giratória, frente a minha máquina
de escrever Olivetti Linea 98, meu orgulho, invejado por muitos, que adquiri
com muito trabalho. Noites adentro, datilografando textos, crônicas e, linhas e
linhas para o meu editor.
Só eu sei que quando começava a datilografar,
e "puft" o pensamento não saia como queria
e lá ia o papel para o lixo.
E, começava tudo de novo...escrevia,
amassava o papel e jogava
na cesta de lixo.
Há um momento, que parece tudo dar certo!
É um repente, e o texto realmente era aquilo que se tinha imaginado.
Agora, era a vez das correções, assinala aqui, acola, faltou um ponto,
uma vírgula, a palavra saiu errada. Arruma aqui, faz-se as correções com lápis
e pronto, a correção está feita!
Coloca o papel em branco na máquina de escrever e com as pontas dos
dedos datilografa-se, novamente, o texto tinindo, sem nenhum erro, do jeito que
tinha-se imaginado.
Agora não pode ter mais nada, nenhuma correção, senão, melhor nem
pensar, porque vai “pro” lixo de novo.
Enfim, a matéria ficou pronta, várias folhas bem datilografadas –
e pensar que esta palavra um dia irá sair do vocabulário...
Reviso novamente. Tudo pronto. Arrumo as folhas datilografadas e coloco-as
ao lado da máquina de escrever Olivetti Linea 98.
Respiro! Mereço um café, ora se mereço!
Perco-me nos pensamentos e vou à cozinha preparar o café.
Fico imaginando o editor, esparramado naquela poltrona de couro preta,
desgastada pelo tempo, com chiados a cada seu movimento, no meio de pilhas de
papeis sobre a mesa, folheando cada página do meu texto.
Fico pensando naquele ar com cheiro de charuto disputando o aroma de um
café frio esquecido numa caneca de louça, azul, com uma gravação em vermelho:
"O Chefe Tem Sempre Razão".
A lembrança fez com que continuasse meus devaneios. Estava satisfeito
com o meu trabalho e pretendia entrega-lo ainda pela manhã e dessa forma
poderei desfrutar o resto do dia.
Talvez, passando numa confeitaria, onde degustaria um delicioso café
colonial, com uma torta alemã e gostosos petiscos.
Enfim meu café ficou pronto. Peguei a xícara com ele bem quente, saí da
cozinha e fui calmamente andando em direção ao escritório. Assobiando e feliz!
Já bem próximo da escrivaninha, tropecei... O café voou da xícara
e aterrissou-se sobre aqueles, exatamente, os meus escritos.
Num sobressalto levantei-me.
E aos poucos fui me situando do que havia acontecido.
Voltei meu pensamento ao passado, quando exatamente havia acontecido o
mesmo acidente: tropecei naquele mesmo tapete, o café que havia acabado de
fazer, voou sobre o meu trabalho. Acabou com ele!
Quase enlouqueci!
Em cima da escrivaninha, já não estava mais a minha Olivetti Linea 98,
mas o meu “Laptop” conectado a uma impressora.
Respirei! E, a primeira coisa que fiz, foi me desfazer o velho tapete,
jogando-o fora.
Limpei os estragos e arremessei os papeis ao lixo.
Fui até a cozinha coloquei o café na xícara e retornei ao escritório
calmamente.
Sentei-me na minha velha poltrona e acionei “Control P” para reimprimir
o trabalho.
Tomei meu café...
Prezado Edu, realmente escrever é uma arte, principalmente se o artista se preocupa com o conteúdo da obra. Eu aprendi com o tempo o que os compositores de música dizem, "escrevo a letra e deixo para outro avaliar, porque nem sempre o que escrevo me agrada mas pode agradar a outros", ou seja apesar de escrevermos para nós mesmos que nos avalia é o leitor. Forte abraço
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