A Varanda
Uma noite escura, quase sem
movimento, dali, daquela varanda poderia se escutar o silêncio da noite.
Um vulto atravessa a rua
vagarosamente e na silhueta percebe-se um homem, cabisbaixo. Uma fraca luz
amarela vinda de um poste fincado na caçada, ilumina um pedaço da rua. Vê-se
enfim um homem, aparentando meia idade, segurando uma mala tosca, velha, talvez
carregando um pouco do passado, caminhando caminhos que jamais imaginaria
caminhar.
Não olhou para trás, talvez sentisse
medo de encontrar sua história.
Naquele momento queria ir, mesmo que
levasse a eternidade para nunca chegar.
Para onde ia?
Que pensamentos passavam por sua
mente, enquanto recebia no rosto um vento frio de um outono anunciando o
inverno.
Tempos são passados. Histórias se
perderam ao longe de vidas que se foram!
Em longínquas terras, um filme, não
uma reprise, mas traz à cena, novamente, a figura de uma varanda.
Ali está a reflexão. As lembranças de
cada momento, onde exista o sorriso e a felicidade se sobrepondo a tantas
coisas, que os sonhos se transformavam em realidade. Podia ainda escutar os
risos das crianças que cresciam nos anos que se acumulavam em alegrias.
Responder a “porquês” não se
atreveria, pois ali, como num conto de fadas, o rei fora ferido mortalmente
numa batalha que ele mesmo havia provocado.
Ali na varanda, olhando para o céu
azul, sob um sol aquecendo os últimos instantes de um verão, percebeu o voar de
uma única borboleta, bela, livre, voando entre algumas flores, como se
acompanhasse notas musicais. Os olhos acompanhavam o bailar, e os ouvidos se
detinham em cantos, alguns perdidos nas saudades.
Não sentia solidão, porém, talvez
quisesse seguir a borboleta como se assim pudesse recuperar a felicidade.
A borboleta se foi, na liberdade da
vida, voando para longe na sua felicidade e então percebeu que jamais a
borboleta voltaria ao seu casulo.
E.Prugner