Tancredo Neves é eleito
Quando
Tancredo Neves foi eleito em 15 de janeiro de 1985. Eleição indireta. A partir
desse momento, o Brasil vestiu-se de
esperança e toda a população brasileira começou a desenhar as suas expectativas
sonhadas durante décadas. Talvez relembrando a época de Juscelino Kubistchek,
ou de outros tempos, quando haviam depositado esperança para com novos dias.
A verdade que Tancredo representava um
novo Brasil, jamais imaginado. Era um novo período, uma nova História que
marcaria para sempre a realização do “País do Futuro”.
Era chegada a hora! A euforia era
estampada no rosto de cada cidadão! Era como uma Nação que precisava limpar a sua própria casa, tirar o pó da
ditadura, varrer a sujeira dos porões das torturas e da censura. Quem sabe até
dar nova pintura às paredes corroídas de desesperanças. Tudo para esperar os
primeiros dias dos novos dias.
Foi com esse espírito que um jornalista
e escritor, cearense, João Ciro Saraiva de Oliveira (falecido em 27/06/2015), que
estava à frente da Secretaria de Comunicação do Estado do Ceará, idealizou um
encontro de secretários de comunicação do Brasil para discutir novos conceitos
de comunicação social, uma vez que os governadores, tinham sido recém-eleitos (1983),
de forma direta, após 20 anos de eleições indiretas.
O objetivo era dar nova imagem a linguagem
dos releases outrora palacianos e impositivos. Transformar esse importante canal
informativo do governo para população, expondo as atividades executivas e os
resultados dos atos e ações promovidas pelo governo e não mais pelo governador
e sua equipe. Era uma proposta para o fim do personalismo e da imposição de notícias
fabricadas e induzidas à imprensa.
O I Encontro de Secretários de
Comunicação Social, foi realizado em Fortaleza, em julho de 1984, com a
participação de representantes de 17 estados brasileiros.
Revivendo um pouco de
História
Vamos imaginar esse período transitório
da ditadura para a democracia. Em 1979, assume o General João Baptista de
Oliveira Figueiredo, o último presidente do período militar, sucessor do
General Ernesto Geisel (Presidente de 1974 a 1979).
O Presidente Figueiredo deu continuidade
a abertura política que havia sido iniciada no governo anterior. No entanto, foi
no seu governo que houve o atentado a bomba no Riocentro e atentados
terroristas ao PMDB e à OAB, todos de origem da extrema direita do Exército. Apesar de ter orientado o Senado para a rejeição
das “Diretas Já”, o Presidente Figueiredo promoveu a extinção do bipartidarismo
e a eleição direta para governadores, em 1983. Essa eleição marca o começo do
fim do período ditatorial. No entanto, a eleição para Presidente da República,
continuaria pelo sistema indireto. No dia 15 de janeiro de 1985, foi eleito
pelo Colégio Eleitoral (Senado e Câmara) o senhor TANCREDO DE ALMEIDA NEVES, com
480 votos contra 180 votos dados a Paulo Maluf (este candidato do governo).
Com essa última eleição de voto indireto
realizada no Brasil, encerra-se o período da ditadura militar. O Presidente João
Figueiredo, atesta o encerramento com a seguinte frase histórica:
-
“Bom, o povo, o povão que poderá
me escutar, será talvez os 70% de brasileiros que estão apoiando o Tancredo.
Então desejo que eles tenham razão, que o doutor Tancredo consiga fazer um bom
governo para eles. E que me esqueçam".
A posse
do Doutor Tancredo Neves, assim era chamado, na Presidência da República, seria
no dia 15 de março de 1985.
Tudo era feito com muito cuidado, para
que Tancredo assumisse a Presidência. O Brasil se preparava para uma grande
festa. Autoridades do mundo inteiro já se encontravam no solo brasileiro.
Na véspera de sua posse, adoece e é
hospitalizado...
A população freneticamente fica com
os olhos grudados na televisão – querem uma notícia de esperança.
Incertezas, medos, desconfianças e
esperança. O Brasil para!
O II Encontro de
Secretários de Comunicação Social
No meio destas incertezas, vivia-se a
esperança de que Tancredo sobreviveria.
Essa
certeza dá o aval ao Secretário de Comunicação Social do Paraná, para que o II
Encontro de Secretários de Comunicação Social fosse realizado. O Secretário de Estado da Comunicação Social do Paraná, Luiz Alberto Dalcanale, entendia que agindo assim estaria não só acreditando na
recuperação do Presidente eleito, como também estaria colaborando com propostas
a uma nova visão do relacionamento imprensa, governo e população. Pois
participariam daquele Encontro além dos Secretários de Comunicação de todos os
Estados brasileiros, como também alguns dos principais jornalistas da imprensa
nacional.
Sob a esperança de novos tempos e sob a égide
da Nova República, foi realizado o II Encontro de Secretários de Comunicação
Social, nos dias 23 a 28 de março de 1985,
na cidade de Foz do Iguaçu.
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A partir desta semana, estarei
publicando, neste blog, em forma de capítulos, os anais do
II Encontro de Secretários de Comunicação Social.
Entendo que assim o fazendo, recuperamos
parte de uma História que não pode ser apagada, pois é um momento onde a
LIBERDADE DE IMPRENSA é focada de maneira transparente e torna-se um legado,
pois era um sonho que até então jamais aconteceria. A “Carta de Foz do Iguaçu”,
propositura e resumo do evento assinado pelos participantes, dá a certeza de “Um
Sonho da Nova República.