Quem sou eu - Nasci em São Paulo, e adotei Curitiba desde criança, pois adoro esta cidade.

domingo, 31 de dezembro de 2017

O Último Natal em Família



A viagem parecia mais longa do que deveria. A ansiedade aumentava, os batimentos cardíacos dispararam. O aeroporto do destino ainda estava longe de se aproximar, faltava algumas horas para aterrissar. Cada minuto, naquele momento, era uma eternidade.
Sentia medo! 
Wolff, que poderia ser José, ou um nome qualquer, era um brasileiro que foi convocado para o Haiti. A princípio achou que seria uma missão difícil, mas jamais imaginaria que a morte do espírito seria maior que a morte corporal.
Sim, era assim que sentia...
No início a saudade da casa, dos filhos, da esposa. Que aumentava e corroía seu coração! Já não bastava escrever no WhatsApp declarações de amor, ver fotos, e dizer de sua paixão. Os filhos cresciam, já não mais crianças, buscavam seus novos rumos. Eram ótimos meninos!
Sua esposa, uma jovem senhora, linda, dedicada às suas atividades. Era lutadora e ia de encontro dos seus ideais. Ele havia conhecido, fizeram amizade e como num conto de novela, casaram. Foram tempos de construção e amor, momentos mágicos, momentos difíceis, sorrisos e sonhos.
Já não sabe como estão os seus sentimentos, e a dúvida lhe traz mais angústia, desespero e medo.
Wolff foi fechando os olhos, um calafrio percorreu o seu corpo e imagens foram martelando sua cabeça.
A guerra de Haiti invadia seus pensamentos, trocando as cenas do lar, pelas cenas de destruição, de sangue e como numa guerra, o barulho ensurdecedor de metralhadoras e de balas perdidas zumbindo por sua cabeça. Crianças mortas, esfomeadas, comendo ratos e gafanhotos no meio de esgotos céu aberto. 
Haiti, após o terremoto virou uma terra de ninguém e grupos armados do submundo do crime disputavam cada palmo de favelas fedorentas, verdadeiros guetos sem nenhuma higiene, entre barracas toscas e animais apodrecendo. 
Cada dia que amanhecia era reviver o seu próprio dia. Assaltos e assassinatos faziam parte do cotidiano. 
Após o terremoto que arrasou todo o país, a capital Porto Príncipe ficou totalmente destruída, sem nenhuma expectativa de esperança ou mesmo da reconstrução daquilo que estava destruído. Em vez disso,  se vêem os sub-humanos que vivem neste inferno, os sobreviventes de uma tragédia que cada dia se  amplia, onde a morte está presente na fome e nas doenças. Não há mais vida!
Wolff suava, agitava-se, falava palavras sem nexo.  Sua roupa foi ficando encharcada. Foi preciso que o médico de bordo lhe aplicasse um relaxante.
Foi adormecendo, mas tinha ainda a consciência de que este pesadelo, marcado nas suas entranhas, aos poucos ficariam escondidos na sua mente e a certeza de que esses fatos ele não veria de novo.
Precisava chegar em casa, mas ao mesmo tempo livrar-se dos tormentos e das angústias sobre o seu relacionamento.
Recomposto pelo relaxante, começa a imaginar sua chegada e logo se dá conta, que estará chegando às vésperas do Natal. Dá asas aos seus pensamentos e vem a lembrança da reuniões de família com muitas festas, que aconteciam nessa época do ano. Sabia que iriam se repetir e junto com as alegrias, a curiosidade dos parentes o bombardeariam com centenas de perguntas.
Wolff se arruma, sabendo que caberá de agora em diante mostrar um novo comportamento, num cenário de paz e confiança, pois se assim não o fizer, aquele Natal, poderá ser o primeiro e o último Natal em família.  
Os procedimentos de aterrissagem são iniciados.
...
É chegado o momento, as portas da aeronave são abertas, próximo a escada do avião, familiares aguardam ansiosamente aqueles  passageiros especiais...

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Pensamentos & Reflexões

 * Não sou um mendigo do amor, mas vivo dele.

* Nunca perca a oportunidade de falar à pessoa que você ama,

  que você a ama.

* Deixe seu sorriso na face, para que não se transforme em lágrimas.


* Uma alma sozinha é uma alma morta.


* Quando chegar a terceira idade, não se imagine velho, 

  viva intensamente a vida.

* Não deixe para o minuto seguinte, o arrependimento e o perdão,

  pode ser que já seja tarde.

* Viva a Natureza, pois é ali que  Deus pode estar escondido.


* Jamais deixe de demonstrar seus sentimentos.


* Se você acha que Deus não está em você, 

  é porque já está dentro de você.

* Não importa como seja ou foram seus pais, simplesmente os louve e    agradeça, 
pois eles lhe deram o que você tem de mais precioso: a    vida.

                                                                                                       Eduardo Prugner
   

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Ave Maria!




          O dia termina,
O Sol vai embora,
A saudade aperta,
Ave Maria!

O som fala triste,
Das cordas de uma viola,
Se escuta uma canção
Ave Maria!

O coração chora,
O aperto aumenta,
O grito ecoa,
Ave Maria!

O bêbado cai,
Irmão perdoa irmão,
O sino bate as horas,
Ave Maria!

A procissão começa,
Os fieis cantam,
O padre abençoa,
Ave Maria!

O dia acaba,
As velas terminam,
A rua vazia,
Ave Maria!


quarta-feira, 4 de outubro de 2017

De Volta ao Passado



O cenário não poderia ser outro, a Avenida Atlântica acompanhando as ondas daquele mar azul, desmanchando-se em espumas brancas, molhando e deixando a areia branca tocar a calçada, vestida de pequenas pedras, formando desenhos em preto e branco.
Do outro lado da rua, uma muralha de prédios, formando fileiras e colunas de espigões, como soldados lanceiros, em posição de sentido, observando o oceano que se perde num horizonte sem fim.
A avenida, entapetada de preto, deixa sobre o seu dorso, a rolagem de carros que se engalfinham, vagarosamente, numa mesma direção.

A manhã se espreguiçava ao calor do Sol e os raios pincelavam as águas azuladas, em um suave dourado, que bailavam delicadamente à brisa matinal.  

Gustavo caminhava e observava tudo. Ninguém mais o percebia, como antes!

O Sol também caminhava e à medida que ia se deslocando, o calor aumentava. Gu (assim era seu apelido) fitava o mar que parecia convidá-lo a refrescar-se em suas águas. Mas ele queria continuar a sua caminhada. Além disso, teria que atravessar multidões de guarda-sóis coloridos, que se aglomeravam na estreita faixa de areia. Ao mesmo tempo, uma massa de pessoas movendo-se nas calçadas, em todas as direções, como se estivessem sem nenhum destino. 

Gu, sentou em um banco, embaixo de uma velha figueira, que ele a conhecia há tempos. Ali, ficou a fitar tudo que estava acontecendo. 
Ao mesmo tempo que se protegia do calor intenso, deixava-se levar pelas suas lembranças.

Lembrou-se da Avenida Atlântica, com seus calçadões coloridos, dividindo o mar dos novos prédios que, celeremente, iam se erguendo naquele Balneário, antes um bairro da cidade de Camboriú.
Haviam desenhado um projeto, mas a força dos tijolos venceu a lógica e deram sombra à areia. O bairro virou cidade e seu nome transpôs fronteiras, assim passou a se chamar Balneário de Camboriú.

Lembrou, também, da tímida Barra Sul, das areias ainda ensolaradas ao final da tarde, e dos sábados à noite transformados em deliciosas baladas.

Nas longas férias de verão, cresceram ele, seus amigos e irmãos! As férias começavam no Natal e se estendiam à uma Quarta-feira de Cinzas. Puderam ali viver e vivenciar as delícias da juventude, fazendo amizades e sonhando com praias, mar e areia...

Um pequeno prédio de 3 andares, na Avenida era a morada e o quartel general.
Amigos e amigas vinham de todas as partes, Curitiba, Blumenau, Joinville, Porto Alegre. E os encontros se repetiam todos os anos.

Eles foram crescendo, o tempo foi passando, mudando vidas e sonhos. O Balneário foi ficando distante ....

Passado muito tempo, estava ele ali o Gustavo, tinha vindo de longe para mostrar à sua esposa e filha, aonde ele havia vivido a felicidade da juventude.

Mas, aonde estava ela? A felicidade, a graça, a alegria, os sorrisos...a juventude? Uma cidade-praia? O que mesmo queria mostrar?

Seus pensamentos, sua angústia, suas dúvidas foram quebradas pela voz suave de sua filhinha:
- “Pai, vamos embora...”

Poderia cair a cortina, mas a verdade ficou em seu coração, aqueles momentos foram seus e ninguém iria reviver suas aventuras e seu passado.

Ficaram as mais doces lembranças...só para ele. 

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Amanhecer do Amor

AMANHECER DO AMOR


Andava,  como  sempre  caminhei,
Sozinho,  sonhando,  cantando  como  trovador.
Ficava  no  canto  que  não  era  meu  canto,
Da  janela  olhando  as  estrelas,  queria
Que  uma  delas  olhasse  para  mim.

Sonhava......

Nas  andanças,  a  noite  sorriu  em  uma  festa.
O  tempo  parou  num  encontro  de  olhos,
De  palavras,  de  sussurros  e  de  saudades.
Nada  mais  era  importante  do  que  ouvir
A  voz  amiga  que  embalava  meu  coração.

Não  estava  entendendo  o  que  acontecia....

Uma  ansiedade  se  formou   no  meu  peito,
Queria  novamente  ver  aquela  estrela  da  noite,
Que  tanto  já  conhecia  e  a  reconhecia
No   brilho  intenso  de  suas  aparições.
Parecia  que  agora  estava  tão  próxima.

Buscava  uma  explicação  do  meu  coração.....

Os  encontros  foram  se  encontrando,
O  coração  batendo  mais  forte!
As  mãos  se  encontraram  para  nascer  a  paixão.
Quanto  mais  via,  mais  queria  vê-la.
O  estar  perto  é  flutuar  no  infinito  das  constelações.

Continuava  não  entendendo....

Não  era  só  o  amor  que  brotava,
Mas  um  novo  ser  que  estava  nascendo.
Nascer  no  amor  é  a  mais  pura  manifestação  da  vida,
Sentida  na  intensidade  de  um  novo  homem.
Enfim,  tudo  parecia  ir  de  encontro  aos  sonhos.

Sonhar  é  construir  os  sonhos......

O  amor  é  o  entendimento  de  cada  célula,
De  cada  passo  no  espaço  do  amor,
É  crescer,  na  medida  do  infinito,  no   encontro
De  dois  seres,  que  de  amor,  unem-se  para
A  realização  de  seus  sonhos.

Amor.......

Entrego-me  a  ti,  porque  te  amo
Minha  vida  é  tua  vida,  nas  nossas  vidas
E  que  a  felicidade  seja  a  mensagem  dos nossos  lábios,
Colados,  sussurrando  o  amor,  e  que  jamais
Nossos  corações  se  calem  nessa  imensidão  de  paixão!

Assim  é  dado   os  primeiros  passos  da  minha  própria  vida...