Quem sou eu - Nasci em São Paulo, e adotei Curitiba desde criança, pois adoro esta cidade.

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

A MUDANÇA

A notícia veio como uma bomba! Já tínhamos nos acostumado com aquele lugar. Tudo parecia ter-se encaixado como se ali haviam nascido. E agora aquele aviso, frio, indolente e o pior, nas entrelinhas o prazo era quase impossível de cumprir.
O contrato estava encerrado. 
A noite foi longa e olhos não conseguiam sequer fechar.
Enfim veio a manhã! Até o sol estava com preguiça, e ele foi se alongando vagarosamente, descobrindo-se das nuvens, para então irradiar o seu brilho.
Aos poucos fui caminhando por cada canto da casa, olhava, refletia, contava histórias de cada fato que ali teria acontecido. Cada lugar parecia guardar um conto, uma lembrança! É bem verdade que não fazia tanto tempo assim, mas já tinham raízes.  
Sem perder muitos minutos no café, fui à internet, buscar o consolo, ou melhor, um novo lugar, um novo ninho.
Sem perceber, não pude conter uma boa risada.
Outrora folheava os jornais para achar onde morar. Eram página por página, anúncio por anúncio, e muito deles tão pequenos que me valia de uma lupa.
Agora, bastava colocar algumas informações, a meu gosto, e pronto, um rosário de moradias, com fotos, medidas, valores, mapa de localização...Tudo isso num abrir e fechar dos olhos.
Assim, depois de alguns dias, já estava desenhando novos planos, imaginando aonde iriam os móveis, etc.
Sabia que não seria igual a que eu estava. Tudo havia mudado!
Veio o dia. Acordei antes do sol. Empacotando o que tinha que ser empacotado. O Caminhão chegou. Começou o corre-corre...
......................
Amanheceu. A chuva se fazia presente e batia suavemente na janela e deixava-se escorrer no peitoril. Aquele som era uma sinfonia que relaxava e não deixava sair da cama.
Mesmo com chuva fui percorrer algumas ruas em volta. Não havia muitas pessoas nas vias, mas a impressão de que não tinham face. Eram como autômatos andando de um lado para outro.
Afinal quem eram?
Pude perceber que ali não havia prédios, eram casas, alguns sobrados, que se misturavam entre comércio e residências. A maioria com pintura vencida, desbotada. Não pareciam bonitas e muito menos atraentes.

Talvez a chuva é que dava toda essa impressão.
Retornei logo para casa. Tranquei-me no quarto como se precisasse esconder-me.
Levei mais alguns dias para novamente, dar uma volta no bairro.
Já não chovia e confesso que as pinturas continuavam toscas.
- Mas que mau gosto!
Precisei de pão e fui a padaria. Fui bem recepcionada, a pessoa que me atendeu perguntou se era nova no bairro. Percebi que tinha uma face simpática, olhos negros, um nariz que se sobrepunha um sorriso.
Respondi monossilabicamente. O sorriso se fechou e a face simplesmente desapareceu. Fui rapidamente para casa!
Ao abrir o pacote do pão, um pão doce enfeitava os outros pães. Não havia  feito tal pedido. Vou devolvê-lo...
“Caiu a ficha”!
Pensei em voltar lá. Fiquei na dúvida...
Pela manhã, não me contive e fui às compras. Entrei na panificadora e fui até o rapaz que havia me atendido e lhe dei um “bom dia” sorridente. Sua face voltou a ter os traços simpáticos do dia anterior e o sorriso estampado respondeu-me ao meu cumprimento. De imediato agradeci o mimo que havia recebido.
                                                                                                                             Ao sair da padaria, achei que as casas haviam sido repintadas. Já não me pareciam mais rústicas. As pessoas me cumprimentavam e eu as respondia, ora com um sorriso ora com um aceno. 


Já não eram mais robôs, tinham rostos. Algumas até se dirigiam a mim para “puxar” conversa.
Descobri na simplicidade a grandeza daquele bairro. O comércio, bem servido, diferente de que até então estava acostumado.

Aos poucos fui mudando...

MEU NETO

Ter um neto como você
É imaginar, embalando uma vida,
Que também fui criança,
Mas, não tão bela quanto você.

É pensar que o tempo não para,
As horas se passam,
Mas vejo a eternidade
Do meu nome no seu.

Mas continuo te olhando,
Imaginando e sonhando,
Nos meus braços te embalando,
Para o teu mundo conquistar.

Ora, talvez egoísmo
Mas transmito nesse menino,
Doce, belo e gentil,
O sonho que era meu.

Mas você cresce,
Desde da aurora que nasceste,
Mas sinto o teu coração
Sorrindo nos sorrisos,
Vencendo com seus passos firmes,
Conquistando suas vitórias,
E, a cada dia dizendo venci.

Assim, no caminho da vida,
Orgulha-me porque te embalei,
Seguindo os seus caminhos,
Sem me ver,
Mas sempre eu te via,
Porque tinha no peito
A alegria de ser,
Todos os dias o seu avô.

E, hoje, no dia do seu aniversário (05.10.2016) assim escrevi: Ter um neto como você, é muito mais do que simplesmente transmitir um sobrenome, ou mesmo me sentir "cheio" por ser avô. Olho para você no passo a passo de sua vida. Por vezes escondo-me num canto para sofrermos juntos, ou expludo de alegria com suas vitórias, com suas conquistas e com seus próprios sorrisos. Ora, ser seu avô é sentir o coração palpitar, quando consigo vê-lo, ou simplesmente dizer alô ao telefone. Vinte e três anos que passaram, me levam a recordar do seu primeiro instante de vida, pouco mais das 8 horas (você nasceu às 7h50), um nenê lindo, ainda parecia com medo para vir ao mundo. Mundo este que você vence todos os dias. Que mais que um avô poderia desejar ao seu neto? Senão a FELICIDADE inundando seu coração, seu ser e transformando seus caminhos em iluminados e abençoados. Que Deus o abençoe. Eu o amo. E seja sempre muito feliz.

seus caminhos em iluminados e abençoados. Que Deus o abençoe. Eu o amo. E, seja sempre muito feliz.