Quem sou eu - Nasci em São Paulo, e adotei Curitiba desde criança, pois adoro esta cidade.

sexta-feira, 10 de junho de 2016

O FRIO CURITIBANO

Anoiteceu e eu caminhando nos caminhos da noite.
Olho as estrelas, que sorriem,
Mas se calam no silêncio frio das calçadas curitibanas.
Não há vultos e as árvores parecem esqueletos dançantes
Ao ritmo do vento cortante e gélido.
As almas estão escondidas e as palavras nem mais sussurram...
A solidão é a única companheira dos passos apressados, sem destino, sem rumo.
As luzes dos postes se envolvem numa neblina
E se transformam em lamparinas do passado,
Que mal iluminam a sombra, arqueada pelo sobretudo corroído pelo tempo.
Escuto ao longe os sinos de uma igreja,
Cujas badaladas ecoam ao nada e nada é a esperança.
Mais uma travessia, numa desunião de calçadas, 
Separadas pela rua de pedras. 
Rua ligando dois pontos infinitos perdidos na imensidão do lugar nenhum.
Chego ao tempo onde não queria chegar.
Encorajo-me e subo os degraus rangentes.
São três, donde imagino uma escadaria de cem.
A porta me detém. Torço e retorço imóvel empurra-me ao desdém.
Venço-a e desmaio no sono que temia em acordar.
Novamente reviro e um acolchoado acaricia o corpo,
Durmo suavemente, sem o frio do pesadelo gelado!


AO SAIR DE CASA, LEVE UM AGASALHO EXTRA,
COM CERTEZA ENCONTRARÁ ALGUÉM QUE ESTEJA NECESSITANDO. 

quarta-feira, 8 de junho de 2016

"O PRIMEIRO TEXTO A GENTE NUNCA ESQUECE!"

Sentado confortavelmente numa poltrona giratória, frente a minha máquina de escrever Olivetti Linea 98, meu orgulho, invejado por muitos, que adquiri com muito trabalho. Noites adentro, datilografando textos, crônicas e, linhas e linhas para o meu editor.

Só eu sei que quando começava a datilografar,  

e "puft" o pensamento não saia como queria
e lá ia o papel para o lixo.
E, começava tudo de novo...escrevia,
amassava o papel e jogava
na cesta de lixo.
Há um momento, que parece tudo dar certo!
É um repente, e o texto realmente era aquilo que se tinha imaginado.
Agora, era a vez das correções, assinala aqui, acola, faltou um ponto, uma vírgula, a palavra saiu errada. Arruma aqui, faz-se as correções com lápis e pronto, a correção está feita!
Coloca o papel em branco na máquina de escrever e com as pontas dos dedos datilografa-se, novamente, o texto tinindo, sem nenhum erro, do jeito que tinha-se imaginado.
Agora não pode ter mais nada, nenhuma correção, senão, melhor nem pensar, porque vai “pro” lixo de novo. 
Enfim, a matéria ficou pronta, várias folhas bem datilografadas – e pensar que esta palavra um dia irá sair do vocabulário...
Reviso novamente. Tudo pronto. Arrumo as folhas datilografadas e coloco-as ao lado da máquina de escrever Olivetti Linea 98.
Respiro! Mereço um café, ora se mereço!
Perco-me nos pensamentos e vou à cozinha preparar o café. 
Fico imaginando o editor, esparramado naquela poltrona de couro preta, desgastada pelo tempo, com chiados a cada seu movimento, no meio de pilhas de papeis sobre a mesa, folheando cada página do meu texto.
Fico pensando naquele ar com cheiro de charuto disputando o aroma de um café frio esquecido numa caneca de louça, azul, com uma gravação em vermelho: "O Chefe Tem Sempre Razão". 
A lembrança fez com que continuasse meus devaneios. Estava satisfeito com o meu trabalho e pretendia entrega-lo ainda pela manhã e dessa forma poderei desfrutar o resto do dia. 
Talvez, passando numa confeitaria, onde degustaria um delicioso café colonial, com uma torta alemã e gostosos petiscos.
Enfim meu café ficou pronto. Peguei a xícara com ele bem quente, saí da cozinha e fui calmamente andando em direção ao escritório. Assobiando e feliz!
Já bem próximo da escrivaninha, tropecei... O café voou da xícara e aterrissou-se sobre aqueles, exatamente, os meus escritos.

Num sobressalto levantei-me.
E aos poucos fui me situando do que havia acontecido.
Voltei meu pensamento ao passado, quando exatamente havia acontecido o mesmo acidente: tropecei naquele mesmo tapete, o café que havia acabado de fazer, voou sobre o meu trabalho. Acabou com ele! 
Quase enlouqueci!
Em cima da escrivaninha, já não estava mais a minha Olivetti Linea 98, mas o meu “Laptop” conectado a uma impressora.
Respirei! E, a primeira coisa que fiz, foi me desfazer o velho tapete, jogando-o fora.
Limpei os estragos e arremessei os papeis ao lixo.  
Fui até a cozinha coloquei o café na xícara e retornei ao escritório calmamente.
Sentei-me na minha velha poltrona e acionei “Control P” para reimprimir o trabalho.


Tomei meu café...