Quem sou eu - Nasci em São Paulo, e adotei Curitiba desde criança, pois adoro esta cidade.

quinta-feira, 16 de junho de 2016

UM SONHO DA NOVA REPÚBLICA

Tancredo Neves é eleito


Quando Tancredo Neves foi eleito em 15 de janeiro de 1985. Eleição indireta. A partir desse momento,  o Brasil vestiu-se de esperança e toda a população brasileira começou a desenhar as suas expectativas sonhadas durante décadas. Talvez relembrando a época de Juscelino Kubistchek, ou de outros tempos, quando haviam depositado esperança para com novos dias.
A verdade que Tancredo representava um novo Brasil, jamais imaginado. Era um novo período, uma nova História que marcaria para sempre a realização do “País do Futuro”.
Era chegada a hora! A euforia era estampada no rosto de cada cidadão! Era como uma Nação que precisava  limpar a sua própria casa, tirar o pó da ditadura, varrer a sujeira dos porões das torturas e da censura. Quem sabe até dar nova pintura às paredes corroídas de desesperanças. Tudo para esperar os primeiros dias dos novos dias.

Foi com esse espírito que um jornalista e escritor, cearense, João Ciro Saraiva de Oliveira (falecido em 27/06/2015), que estava à frente da Secretaria de Comunicação do Estado do Ceará, idealizou um encontro de secretários de comunicação do Brasil para discutir novos conceitos de comunicação social, uma vez que os governadores, tinham sido recém-eleitos (1983), de forma direta, após 20 anos de eleições indiretas.
O objetivo era dar nova imagem a linguagem dos releases outrora palacianos e impositivos. Transformar esse importante canal informativo do governo para população, expondo as atividades executivas e os resultados dos atos e ações promovidas pelo governo e não mais pelo governador e sua equipe. Era uma proposta para o fim do personalismo e da imposição de notícias fabricadas e induzidas à imprensa.  
O I Encontro de Secretários de Comunicação Social, foi realizado em Fortaleza, em julho de 1984, com a participação de representantes de 17 estados brasileiros.

Revivendo um pouco de História

Vamos imaginar esse período transitório da ditadura para a democracia. Em 1979, assume o General João Baptista de Oliveira Figueiredo, o último presidente do período militar, sucessor do General Ernesto Geisel (Presidente de 1974 a 1979).  
O Presidente Figueiredo deu continuidade a abertura política que havia sido iniciada no governo anterior. No entanto, foi no seu governo que houve o atentado a bomba no Riocentro e atentados terroristas ao PMDB e à OAB, todos de origem da extrema direita do Exército.    Apesar de ter orientado o Senado para a rejeição das “Diretas Já”, o Presidente Figueiredo promoveu a extinção do bipartidarismo e a eleição direta para governadores, em 1983. Essa eleição marca o começo do fim do período ditatorial. No entanto, a eleição para Presidente da República, continuaria pelo sistema indireto. No dia 15 de janeiro de 1985, foi eleito pelo Colégio Eleitoral (Senado e Câmara) o senhor TANCREDO DE ALMEIDA NEVES, com 480 votos contra 180 votos dados a Paulo Maluf (este candidato do governo).
Com essa última eleição de voto indireto realizada no Brasil, encerra-se o período da ditadura militar. O Presidente João Figueiredo, atesta o encerramento com a seguinte frase histórica:
- “Bom, o povo, o povão que poderá me escutar, será talvez os 70% de brasileiros que estão apoiando o Tancredo. Então desejo que eles tenham razão, que o doutor Tancredo consiga fazer um bom governo para eles. E que me esqueçam".

A posse do Doutor Tancredo Neves, assim era chamado, na Presidência da República, seria no dia 15 de março de 1985.
Tudo era feito com muito cuidado, para que Tancredo assumisse a Presidência. O Brasil se preparava para uma grande festa. Autoridades do mundo inteiro já se encontravam no solo brasileiro.
Na véspera de sua posse, adoece e é hospitalizado...
            A população freneticamente fica com os olhos grudados na televisão – querem uma notícia de esperança.
Incertezas, medos, desconfianças e esperança. O Brasil para!

O II Encontro de Secretários de Comunicação Social


No meio destas incertezas, vivia-se a esperança de que Tancredo sobreviveria.
            Essa certeza dá o aval ao Secretário de Comunicação Social do Paraná, para que o II Encontro de Secretários de Comunicação Social fosse realizado. O Secretário de Estado da Comunicação Social do Paraná,  Luiz Alberto Dalcanale, entendia que agindo assim estaria não só acreditando na recuperação do Presidente eleito, como também estaria colaborando com propostas a uma nova visão do relacionamento imprensa, governo e população. Pois participariam daquele Encontro além dos Secretários de Comunicação de todos os Estados brasileiros, como também alguns dos principais jornalistas da imprensa nacional.
Sob a esperança de novos tempos e sob a égide da Nova República, foi realizado o II Encontro de Secretários de Comunicação Social, nos dias 23 a 28  de março de 1985, na cidade de Foz do Iguaçu.

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A partir desta semana, estarei publicando, neste blog, em forma de capítulos, os anais do 
II Encontro de Secretários de Comunicação Social.
Entendo que assim o fazendo, recuperamos parte de uma História que não pode ser apagada, pois é um momento onde a LIBERDADE DE IMPRENSA é focada de maneira transparente e torna-se um legado, pois era um sonho que até então jamais aconteceria. A “Carta de Foz do Iguaçu”, propositura e resumo do evento assinado pelos participantes, dá a certeza de “Um Sonho da Nova República.