Quem sou eu - Nasci em São Paulo, e adotei Curitiba desde criança, pois adoro esta cidade.

quarta-feira, 14 de março de 2018

Projeto de Vida

O grande desafio surgiu quando, como lição de casa, tinha que escrever sobre os meus sonhos e o meu projeto de vida.
Realmente comecei a embarcar nas mais diversas formas de sonhos. Ora me locupletava com projetos de vida baseados em pensamentos novelescos, ora tremia em imaginar que não tinha imaginação para criar pelo menos um projeto de vida.
Alguma vez, com certeza, você se deparou com uma situação dessas: você sabe que pode, mas não tem ideia de como é este poder.
E a todo instante esta proposta martelava a minha cabeça.
Senti-me como um jovem de segundo grau deparando com o maior problema de sua existência: o que vou ser quando crescer?
Naquele momento queria ser o bombeiro que, quando criança, sonhei em ser!
Pronto, aí estaria resolvido o meu questionamento!
É claro que quando se pensa, aprende.
A primeira lição começa a desenhar-se nas lógicas da matemática da existência: para se fazer um projeto é preciso sonhar...
Pronto!  E agora?
Estava tratando da queda de uma maçã para provar a lei da gravidade e me deparei com uma melancia despencando na minha cabeça.   
Sonhar...! Neste momento uma música invade a minha mente. Alguma coisa de magia, sons gnósticos, sinos e sinetes numa aura de paz e tranqüilidade.
Para dar asas aos sonhos precisamos ter os princípios da entrega e do desprendimento. 
Falar de sonhos, de projeto de vida, tem que antes que conhecer a sua missão.
Esse é o segredo inquestionável despregado de todas as premissas do que quero ser amanhã, ou melhor, do que vou ser amanhã.
As empresas parecem ter descoberto o valor e a importância da MISSÃO. Pode-se ver, em muitas delas, aquele quadrinho de vidro, pendurado, normalmente na sala da diretoria, com letras garrafais: “A nossa missão...”.
Quanto mais dão importância a esta frase mais endeusada ela é, mais resultados lhe parecem favoráveis.
Da presunção dos grandes sonhos, sentia que tinha a necessidade de mergulhar na humildade do meu próprio ser para desvendar a minha missão.
Atiro-me às estrelas e entrego-me ao encanto do adormecer.
Amanheço em plena ressaca de uma noite mal dormida. Minha cabeça lateja, não de dor, mas pela busca da chave que talvez vá abrir todas as portas.
Como será que São Francisco de Assis sentiu a força de sua missão?
Sonhava em ser santo? Ou talvez um religioso?
- Não acredito, pois acho que pensar em ser santo deve dar tudo errado e sonhar em ser um religioso seria muito pouco para o São Chico.
E se o seu sonho fosse encontrar Deus através dos animais?
Não seria esta a sua missão?
Os animais se aproximam daquele homem equilibrado, portanto centrado, muito feliz e cheio de paz!
Ele, motivado pela sua missão, respeitando suas próprias habilidades que são realimentadas pela sua autoconfiança, na crença que lhe da força, Francisco desfruta do convívio com os animais e encontra o seu Deus. E, sonha os seus sonhos na construção do seu plano de vida.
Chaplin, o eterno vagabundo, faz de seu personagem um alento aos sofrimentos íntimos do ser humano. Aquela figura frágil, maltrapilha e humilhada no seu dia a dia, levava uma mensagem tão forte que destruía os poderosos e fazia com que o povo sentisse o esplendor mágico da lágrima e sorriso que os conduzia a momentos sublimes da Felicidade. Charles Chaplin fez e ganhou dinheiro e em nenhum instante prostituiu a sua missão.
Absorto nas reflexões vou dando asas à imaginação, e a criatividade vai garimpando caminhos diferentes do passado para criar o futuro.
Percebi que cada momento foi talhado de forma distinta e que nos tempos de prosperidade a motivação era mais inovadora.
A missão tem que ser direta, firme, curta e de fácil entendimento. Nela reside a os fundamentos da vida, ou melhor, do ser. Não é criada. É descoberta!
Falar da missão é dialogar com o espírito criador, onde o tempo é inexistente do principio ao fim.
Caí no existencialismo profundo.
Quando acordei, me vi num banco de um grande parque. Pessoas corriam, andavam, conversavam e pedalavam suas bicicletas.
O gramado verde misturava-se com árvores e nesse bucólico quadro, um lago prateado espelhava o mundo ao seu redor. Eram prédios, flores, árvores, gente e pássaros que mareavam aos embalos de pequenas ondas provocadas pela brisa do prenúncio do anoitecer.
Curto esse momento!
Meus pensamentos acompanham uma pipa que quer galgar os céus, mas está ligada ao infante da terra. Vôo com ela.
Interessante a força do pensamento, pois estou sentindo a brisa tocar o meu rosto e o ar sussurrar em meus ouvidos. Estou voando!
A tarde se despede e o lago se veste do avermelhado pôr do sol empavesado de tiaras douradas.
Meu olhar se fixa no turbilhão de cores encarnadas e meu cérebro ferve à sinfônica do entardecer.
Vou balbuciando algumas palavras sem nexo.... E dou um grito:
- eu provoco as mudanças nas histórias das pessoas pelo relacionamento interpessoal, transmitido pelas palavras.
É isso, através desta minha habilidade, eu me relaciono com pessoas e nesses encontros acontecem as mudanças na vida de cada uma delas e na minha também.
Vou fitando o lago, que vai escurecendo e as águas tranquilas vão deixando manchar-se pelas luzes da cidade.
Tomo o meu caminho e misturo-me com as pessoas que correm, andam, conversam e pedalam naquele parque....
Aos quase setenta e dois anos retomo a minha missão para sonhar os sonhos de novos projetos de vida.
Assim o projeto começa a ser desenhado com palavras, cujo título também poderá ser inspirado em sonhos, ou talvez num blog ou mesmo em páginas de um livro.

Eduardo Prugner