Quem sou eu - Nasci em São Paulo, e adotei Curitiba desde criança, pois adoro esta cidade.

terça-feira, 18 de dezembro de 2018

O BUEIRO

           O Bueiro

  Chove torrencialmente em um bairro qualquer de São Paulo.
  Eu, numa casa de construção antiga, em meio a edifícios, sem nada a fazer, escolho a varanda onde posso ser acolhido e me deleitar vendo o aguaceiro, sem que a água da chuva venha a me molhar. 
  É exatamente neste lugar, que fico observando o intenso movimento de veículos e o frenético som das buzinas, transformando o silêncio num ensurdecedor barulho. Nem mesmo o som da chuva, tantas vezes relaxante e que tanto gosto de ouvir, é silenciado pelo tocar incessante daquelas cornetas sem escrúpulos.   
  Me acomodo numa confortável cadeira de palha, com almofadas macias. Na realidade, uma poltrona, também antiga, que foi dos meus tios avós e que hoje acompanham a arquitetura da casa. 
  Meus olhos tornam-se levemente pesados, e num espreguiçar longo e delicioso imagino em cochilar.  
  Mas qual, percebo ser impossível conciliar o sono com aquele tráfego desordenado e barulhento. 
  Começo a prestar atenção na água da chuva que cai e se espalha num corre-corre tresloucado como se quisesse fugir dos pneus pretos, sujos e sustentadores dos mais simples aos mais arrojados veículos, agora, em marcha lenta. Mas insistem em ondular as águas e por vezes, numa demonstração de pouca cidadania, espirram um jato de água em algum caminhante desavisado. 
  Porém, aquela chuva vai se transformando num córrego, que vindo dos céus, continua célere em seu caminho, pouco se importando em transportar, em seu dorso, os resíduos da poluição que teve como autor o próprio homem. 
  Não demorou muito para que aquele córrego, viesse a se transformar num pequeno riacho, mas, sempre seguindo uma mesma direção, como se buscasse um abrigo. Na verdade, procurando um oceano ou mesmo um rio onde pudesse desaguar na amplitude que só ele, aquele riacho de chuva pudesse imaginar. 
  Enfim, acha um buraco, um bueiro, entre ferros enferrujados, grades como uma janela de prisão, separando a água dos dejetos poluidores e se prostra naquela abertura apertada, e vai sendo sugado, bem verdade aos poucos, para seguir um caminho desconhecido. 
  Medito!
  Aquela sucessão de imagens me conduz a um mundo novo, desconhecido. Como se estivesse numa cápsula de tempo, gravitando numa escuridão entre estrelas; encontro-me perdido no espaço!
  Nos meus pensamentos surgem imagens de crianças, jovens e adultos, segurando em uma de suas mãos, um pequeno aparelho que determina um futuro imediato e que caminham por estradas sem que eu pudesse visualizar o destino.
  Dou asas aos meus pensamentos e continuo a meditar...
  Não existe mais o tempo, tudo é ligeiro, rápido, porém individual e quando assim não o é, surge alguém ou talvez um androide, que importa...
  No entanto, como uma grade de bueiro, separa riquezas do passado, como o hábito de ler, momentos de conversas, de observar a natureza, de até mesmo de esportes, de um mundo eletrônico onde jogos em terceira dimensão aprisiona aquela gente numa interrogação: aonde é que vamos?


domingo, 8 de abril de 2018

O Trasatlântico

O dia é especial, pessoas foram convidadas e há uma grande expectativa.
Há músicas e a emoção marca o momento.
O ritual é iniciado, palavras são ditas e a champanhe sela a cerimônia.
O transatlântico inicia a sua história.
Garboso, imponente, expandindo alegria e felicidade.
Senhor de si, singra os mares,
A cada porto, em cada cidade se mostra todo poderoso.
É o único e como tal nada lhe tira a sua potência.
Por vezes as tempestades açoitam seu casco
As enfrenta e as vence,
Acalmando aqueles aos quais transporta.
Suavemente corta as ondas e realiza viagens maravilhosas,
Trazendo para bordo bagagens marcantes e abundantes.
Na sua trajetória pelas águas mantém a serenidade,
Não lhe falta a criatividade para apresentar diferentes espetáculos.
Tudo é belo.
O tempo vai passando, mal percebido.
Os primeiros sinais de ferrugem vão lhe sinalizando,
E o gigante dos mares vai se tornando despercebido.
Novos navios chegam, trazem novidades.
A velocidade e o tamanho parecem impressionar,
Impressionam!
O transatlântico, antes rei dos mares,
Já não singra os mares com toda a imponência,
A agilidade e a destreza vão perdendo o brilho.
Pouco ele representa,
Até a sua história já não comove aqueles que transportava,
Que aos poucos vão em busca das novas atrações.
Os trajetos agora são curtos e ao chegar a cada porto
Se defronta com aqueles que lhe tiraram o reinado.
Suas cores que antes eram brilhantes,
Se apagam e se misturam as marcas da ferrugem.
Recorda seus tempos de glória, mal se passaram 20 anos.
Mas lhe surge uma esperança, talvez novas mudanças
Poderão lhe trazer a alegria de singrar novamente os mares
Levando a bordo a felicidade para seus passageiros. //


Eduardo, 08 de abril de 2018..

quarta-feira, 14 de março de 2018

Projeto de Vida

O grande desafio surgiu quando, como lição de casa, tinha que escrever sobre os meus sonhos e o meu projeto de vida.
Realmente comecei a embarcar nas mais diversas formas de sonhos. Ora me locupletava com projetos de vida baseados em pensamentos novelescos, ora tremia em imaginar que não tinha imaginação para criar pelo menos um projeto de vida.
Alguma vez, com certeza, você se deparou com uma situação dessas: você sabe que pode, mas não tem ideia de como é este poder.
E a todo instante esta proposta martelava a minha cabeça.
Senti-me como um jovem de segundo grau deparando com o maior problema de sua existência: o que vou ser quando crescer?
Naquele momento queria ser o bombeiro que, quando criança, sonhei em ser!
Pronto, aí estaria resolvido o meu questionamento!
É claro que quando se pensa, aprende.
A primeira lição começa a desenhar-se nas lógicas da matemática da existência: para se fazer um projeto é preciso sonhar...
Pronto!  E agora?
Estava tratando da queda de uma maçã para provar a lei da gravidade e me deparei com uma melancia despencando na minha cabeça.   
Sonhar...! Neste momento uma música invade a minha mente. Alguma coisa de magia, sons gnósticos, sinos e sinetes numa aura de paz e tranqüilidade.
Para dar asas aos sonhos precisamos ter os princípios da entrega e do desprendimento. 
Falar de sonhos, de projeto de vida, tem que antes que conhecer a sua missão.
Esse é o segredo inquestionável despregado de todas as premissas do que quero ser amanhã, ou melhor, do que vou ser amanhã.
As empresas parecem ter descoberto o valor e a importância da MISSÃO. Pode-se ver, em muitas delas, aquele quadrinho de vidro, pendurado, normalmente na sala da diretoria, com letras garrafais: “A nossa missão...”.
Quanto mais dão importância a esta frase mais endeusada ela é, mais resultados lhe parecem favoráveis.
Da presunção dos grandes sonhos, sentia que tinha a necessidade de mergulhar na humildade do meu próprio ser para desvendar a minha missão.
Atiro-me às estrelas e entrego-me ao encanto do adormecer.
Amanheço em plena ressaca de uma noite mal dormida. Minha cabeça lateja, não de dor, mas pela busca da chave que talvez vá abrir todas as portas.
Como será que São Francisco de Assis sentiu a força de sua missão?
Sonhava em ser santo? Ou talvez um religioso?
- Não acredito, pois acho que pensar em ser santo deve dar tudo errado e sonhar em ser um religioso seria muito pouco para o São Chico.
E se o seu sonho fosse encontrar Deus através dos animais?
Não seria esta a sua missão?
Os animais se aproximam daquele homem equilibrado, portanto centrado, muito feliz e cheio de paz!
Ele, motivado pela sua missão, respeitando suas próprias habilidades que são realimentadas pela sua autoconfiança, na crença que lhe da força, Francisco desfruta do convívio com os animais e encontra o seu Deus. E, sonha os seus sonhos na construção do seu plano de vida.
Chaplin, o eterno vagabundo, faz de seu personagem um alento aos sofrimentos íntimos do ser humano. Aquela figura frágil, maltrapilha e humilhada no seu dia a dia, levava uma mensagem tão forte que destruía os poderosos e fazia com que o povo sentisse o esplendor mágico da lágrima e sorriso que os conduzia a momentos sublimes da Felicidade. Charles Chaplin fez e ganhou dinheiro e em nenhum instante prostituiu a sua missão.
Absorto nas reflexões vou dando asas à imaginação, e a criatividade vai garimpando caminhos diferentes do passado para criar o futuro.
Percebi que cada momento foi talhado de forma distinta e que nos tempos de prosperidade a motivação era mais inovadora.
A missão tem que ser direta, firme, curta e de fácil entendimento. Nela reside a os fundamentos da vida, ou melhor, do ser. Não é criada. É descoberta!
Falar da missão é dialogar com o espírito criador, onde o tempo é inexistente do principio ao fim.
Caí no existencialismo profundo.
Quando acordei, me vi num banco de um grande parque. Pessoas corriam, andavam, conversavam e pedalavam suas bicicletas.
O gramado verde misturava-se com árvores e nesse bucólico quadro, um lago prateado espelhava o mundo ao seu redor. Eram prédios, flores, árvores, gente e pássaros que mareavam aos embalos de pequenas ondas provocadas pela brisa do prenúncio do anoitecer.
Curto esse momento!
Meus pensamentos acompanham uma pipa que quer galgar os céus, mas está ligada ao infante da terra. Vôo com ela.
Interessante a força do pensamento, pois estou sentindo a brisa tocar o meu rosto e o ar sussurrar em meus ouvidos. Estou voando!
A tarde se despede e o lago se veste do avermelhado pôr do sol empavesado de tiaras douradas.
Meu olhar se fixa no turbilhão de cores encarnadas e meu cérebro ferve à sinfônica do entardecer.
Vou balbuciando algumas palavras sem nexo.... E dou um grito:
- eu provoco as mudanças nas histórias das pessoas pelo relacionamento interpessoal, transmitido pelas palavras.
É isso, através desta minha habilidade, eu me relaciono com pessoas e nesses encontros acontecem as mudanças na vida de cada uma delas e na minha também.
Vou fitando o lago, que vai escurecendo e as águas tranquilas vão deixando manchar-se pelas luzes da cidade.
Tomo o meu caminho e misturo-me com as pessoas que correm, andam, conversam e pedalam naquele parque....
Aos quase setenta e dois anos retomo a minha missão para sonhar os sonhos de novos projetos de vida.
Assim o projeto começa a ser desenhado com palavras, cujo título também poderá ser inspirado em sonhos, ou talvez num blog ou mesmo em páginas de um livro.

Eduardo Prugner

quinta-feira, 8 de março de 2018

Quero ver mais que uma Mulher

“Quero ver mais que uma Mulher” –
poesia que escrevi para minha esposa
em homenagem ao Dia da Mulher!

Quero ver mais que uma mulher,
Pulsando o coração no peito
Sentindo a imensidão do seu ser,
Na doação do mais puro amor.

Quero ver mais que uma mulher,
Mostrando o brilho nos olhos,
Trazendo nas profundezas da alma,
A verdadeira mensagem da Vida.

Quero ver mais que uma mulher,
A companheira de todos os tempos,
De todos os momentos,
Construindo sonhos que sonhamos juntos.

Quero ver mais que uma mulher,
A sublime mãe acolhedora
Indicando o verdadeiro futuro,
Aos nossos dois maravilhosos filhos.

Quero ver mais que uma mulher,
Muito além do conhecimento,
Sua competência transformando o toque
Na integração da existência.

Quero ver mais que uma mulher,
Sentido suas mãos nas minhas mãos
No caminhar da esperança,
Na pureza de sua grandeza.

Mas também quero te ver mulher,
Vendo a sua beleza,
Sorrindo com os seus olhos,
Ouvindo de seus lábios palavras de amor.

quinta-feira, 1 de março de 2018

O Menino e o Livro

Naquela manhã, o tempo estava instável, era outono, uma pequena garoa insistia em molhar a janela.
Fazia algum tem que havia amanhecido, mas o aspecto cinzento deixava o menino com aquela vontade de querer dormir mais. Ainda mais que naquele dia...
Fernandinho acordou com os olhos dormindo, e fazê-lo sair da cama era um ato de bravura que sua mãe fazia todos os dias:
- Nandinho, acorda! Fernando, acorda menino! Você vai perder sua aula. Hoje tem Português e é dia de leitura... bradou sua mãe já quase sem paciência.
Nandinho resmungou, virou para outro lado:
- Eu não sou Nandinho, sou Fernando! Aliás, não sei por que me deram este apelido tão diminutivo... Pô.
Com certeza o diálogo iria se transformar numa infindável discussão. Sua mãe, sem perder tempo, puxou o cobertor e o fez levantar ligeirinho, sob pena de algumas ameaças terríveis – como ficar sem celular.
Nandinho, digo Fernando, não gostava daquela matéria e também não tinha nenhuma afinidade com leitura de livros. Achava uma chatice! Mas o computador, ah! Esse sim era uma maravilha, e se seus pais não dessem limites, ficaria ali, frente a frente com aquela telinha e o tempo, com certeza, não existiria mais.
Nandinho, bem... Vamos continuar assim, afinal por mais crescidinho que estava ficando, ainda estava com seus belos 14 anos.
Foi à Escola, resmungando como era de costume e em sua face estampava um mau humor incabível.
Mas, na realidade não se sentia bem, era diferente dos outros dias. Sentia um dorzinha de garganta, um mal-estar.
É claro que colocou a culpa no “Português” e nem adiantaria falar com sua mãe, pois acharia que era uma desculpa para não ir à aula.
Entrou na sala de aula. Seus colegas estranharam sua quietude. Postou-se na última carteira e desceu sua cabeça sobre seus braços e adormeceu.
Nem percebeu a entrada do professor de Literatura.
O professor foi até ele, pronto para lhe dar uma bronca. No entanto ao notar a respiração do rapaz, o acordou e de imediato colocou sua mão na testa. Estava muito quente. Mandou-o à enfermaria do Colégio.
Não demorou muito para que seu pai viesse buscá-lo. Preocupado, abraçou com um braço e levou-o para casa.
Sua mãe deixara o serviço e foi acolhê-lo.
Fernando, com face vermelha, ardia em febre. Tomou os remédios recomendado pelo médico e voltou à sua cama. Onde, na realidade, ele achava que não deveria ter saído.
O seu quarto não era muito grande. Uma janela sobre uma escrivaninha iluminava o ambiente, dividindo-o de um lado a cama e do outro um armário embutido, com espaço aberto para uma estante. Nessa estante, alguns livros, quase não lidos e ali permaneciam a espera de um leitor aventureiro.
Já deitado, procurando fugir do mal-estar, Fernandinho ficou olhando o teto, absorto.
Aos poucos uma nova sensação tomou-o de susto... Estava encolhendo rapidamente. A cama lhe parecia imensa e o quarto tomava dimensões enormes. 
Escalou o travesseiro e sua voz, mesmo gritando, era tão baixa que não alcançava a distância que o separava dos pés do armário.
Os livros passaram então a voar pelo quarto e a sobrevoar sua cabeça.
Ele continuava a diminuir. Até que um livro aberto tombou sobre ele.
“Sonhos de uma Noite de Verão” de Willian Shakespeare[1]. Justamente o livro que deveria ter sido lido e era o tema daquela aula de Literatura.
Nandinho tentou se desvencilhar. Foi sugado por uma das páginas.
A página estava branca, sem nada, nem mesmo uma vírgula.
O garoto com medo, apavorado mesmo, começou a correr por todo aquele espaço. Tentou mergulhar na lombada, porém quase bateu com a cabeça num pequeno resto de cola. Correu para cima, para baixo e para a lateral. Eram precipícios sem fim que o fizeram se afastar das bordas. 
Sentou desacorçoado no meio da página, dobrando as pernas e apoiando sua cabeça sobre os seus joelhos.
Porém, alguma coisa o chamava no canto superior da folha. Levantou-se e correu pra lá.
Como num passe de mágica, a página virou e ele continuou correndo. Palavras, frases, escritos, figuras e tantas coisas iam passando pelos seus olhos, enquanto as páginas iam se sucedendo.
Reduziu os passos... parou em frente a um enorme castelo de pedra, com portão de ferro e em seguida uma ponte “levadiça” , que o convidava para adentrar no castelo.  
Temeroso entrou. Começou a ver pessoas com roupas estranhas, rostos fechados e trazendo uma feição de medo.
Percebeu que ele era invisível naquele ambiente.
Mais confiante foi percorrendo todos os lugares daquela construção de pedra. Era sombria. Um musgo malcheiroso empastelava as paredes. Os homens e mulheres, malvestidos caminhavam olhando para todos os lados, demonstrando que estavam realmente assustados.
Fernando, mesmo sabendo que estava invisível, tentou falar com eles. Não o escutavam!
Pode perceber que se tratavam de prisioneiros. Mas de quem?
Não demorou muito e uma gargalhada amedrontadora ecoou por todos os lados. Um feiticeiro, numa carruagem negra foi atravessando o pátio daquele castelo. Os cavalos tinham olhos de fogo e o cocheiro vestia uma túnica preta e um grande capuz cobria-lhe a cabeça, a qual não se podia ver. 
Soldados, que pareciam um exército de zumbis, abriam passagem com foices entre aquelas pobres pessoas. Algumas tombavam ao chão, decapitadas.      
O menino, tomado pelo medo, correu em direção ao portão, que estava se fechando. Atravessou a ponte e ... se viu diante de uma página branca.
Ainda ofegante, seguiu em direção ao canto superior e, logo deparou com um campo maravilhoso, onde corcéis com asas, saltitavam e voavam junto com borboletas coloridas.
Opa! Não eram borboletas, eram fadinhas graciosas que tocavam pequenos instrumentos musicais. A música encheu seus ouvidos e as fadinhas o convidavam a segui-las. O garoto não estava mais invisível.
Seguiu-as e a música cada vez mais o envolvia. Sentia-se leve. Andou por entre a relva e sentiu o perfume de jasmim que combinava com as delicadas flores, que lhe pareciam acenar com suas pétalas.
Na página seguinte, duendes conversavam com as outras fadas. Tudo era belo! Era um conto de fadas, que tanto lhe haviam contado, quando criança.
Até mesmo a roupa do rapaz havia mudado: era um príncipe.  Uma capa de cor citrino, bordada com fios de ouro que cobria sua vestimenta de camisa de seda branca, calças de couro escuro e na cintura um grosso cinto de onde pendia uma vigorosa espada.
O duende mais velho aproximou-se trazendo um cavalo branco, encilhado com sela de couro nobre, sobre uma manta onde estava gravado o brasão das terras das fadas. Ao entregar-lhe o animal, disse que o levaria a todos os reinos das aventuras que lhe era permitido imaginar.   
Tomou o corcel e galopou por entre as folhas e páginas, vendo dragões e castelos, guerras infindáveis e destemidos guerreiros, arqueiros e cavaleiros cavalgando entre montanhas, florestas mágicas e campos maravilhosos.
Fernando continuava a cavalgar entusiasmado. Havia visto animais falantes e histórias fantásticas de bichos e gentes. Andou por cidades, foi ao passado e se deslumbrou com imagens do futuro.
Bem próximo de um riacho, que banhava os campos de flores silvestres parou para dar de beber ao seu cavalo, também para descansar de suas aventuras.  Seus olhos brilhavam e em sua cabeça repetiam-se as imagens que havia visto e vivido.
Mal percebeu que estava próximo a um belo castelo. Aproximou-se dele e logo soldados o cercaram e com muita delicadeza o levaram a presença da Rei.
Intrigado achou que aqueles soldados tinham o rosto familiar. Eram parecidos com o Rubinho, Geraldo, Mário, Gabriel, Luiz e Antônio, seus principais colegas de escola. Os outros eram figuras conhecidas no colégio. Descobriu, então que estava no Reino dos Sonhos.
Entrou no Salão Principal e o Primeiro Ministro veio saudá-lo.
Ah não! Aí já era demais, pensou Fernandinho. O Primeiro Ministro era o professor de Literatura.
Frente ao trono, o então príncipe foi olhando tudo com muito cuidado e não pode deixar de notar os belos trajes da Princesa, que ao lado do Rei, se postavam a sua frente. A Princesa vestia um lindo vestido de cor azul celeste e seus cabelos dourados cobriam-lhe os ombros. Uma medalha de ouro caia sobre sua roupa, presa por uma grossa corrente de ouro.
- Pera aí! Essa medalha é igual a da Helena! Falou o garoto num rompante.
Helena era uma das meninas mais bonitas de sua classe, sua paixão secreta.
Fernando enrubesceu. Todos perceberam e um murmúrio se espalhou por aquele salão. 
Helena, digo a Princesa chamou o Fernandinho. Tomou a sua mão e beijo-lhe a testa.
E, sob olhar de todos saudou-o com Príncipe Nando, e...
Um turbilhão novamente correu o seu corpo.
.......
Fernando! Fernandinho! Acorda você precisa tomar o remédio!
- Remédio? Abrindo os olhos, o garoto olhou à sua volta percebeu que estava tudo normal e continuava na cama. Estava molhado de suor. Sua mãe, com um sorriso lhe oferecia uma colher com o remédio, que por certo lhe faria bem.
Sua mãe disse que ele havia se debatido muito, mas já estava sem febre:
- Descanse mais um pouco, esse repouso lhe fará bem. E, retirou-se do quarto.
Fernandinho, ainda atônito olhou novamente para todo o quarto. Observou a estante... e olhando para baixo, viu um livro aberto caído no chão. Era o “Sonhos de uma Noite de Verão”. 
Jamais contou essa sua aventura para alguém.
Mas hoje, Fernando, Fernandinho ou até mesmo Nandinho é o melhor aluno de Literatura.

Na verdade, um grande aventureiro!

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

A Vida é muito Bela

A Vida é muito bela

Que tempo fazia, 
Que importa, 
Uma estrada me levava,
Ora subida ou descida
Ora reta ou sinuosa, 
A verdade é que me transportava
Entre montanhas, vales e florestas
Ao encontro de um passado.
Na bagagem uma história de vida
De alegrias e tristezas,
De sonhos e de encontros, 
Dos ideais e dos desencontros, 

Buscava minhas raízes.
Nas confabulações das mais diversas,
Podia chamar as lagrimas de espinhos,
Que outrora me feriram;
Ou talvez a plenitude da paz trazida n´alma. 
Onde sorrisos brotavam no peito aberto.

De repente, 

Um brilho surge no inesperado
Provocam encontro de olhares 
Para a velocidade do tempo,
O passado é o presente no momento
E o encanto dos contos e dos encontros,
As mãos dadas no caminhar da estrada
O coração ri e entrega-se 
Entre sorrisos e gargalhadas
Já não há saudade daquele tempo!
As palavras ditas carinhosamente
Afagam o espirito,
Sentindo a emoção, 
Esconde-se as lagrimas!
A juventude aflora e o passado já não mais existe!
Vive-se a intensa harmonia do amanhã e do hoje,
Saudamos a vida, o momento é o agora!
Reverenciamos o viver:


A vida é muito bela!